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Quanto vale o seu trabalho?

  • Foto do escritor: Tiago Santos
    Tiago Santos
  • 10 de set. de 2024
  • 8 min de leitura
Imagem de uma ampulheta formada por um relógio em cima e moedas embaixo, sendo segurada por duas mãos. Ilustra o tempo e o dinheiro

Você sabe quanto vale o seu trabalho? Não, não estou falando de salário, lucros, pró-labore, nada disso. Estou falando de um conhecimento vital para que você possa ressignificar o conceito de trabalho na sua cabeça e, consequentemente, ressignificar muitos aspectos da sua vida.


O Brasil, infelizmente, tem uma cultura que ensina às suas crianças a estudarem muito para conseguir um emprego que pague um bom salário. Se esse emprego vier acompanhado de uma estabilidade, melhor ainda.


E mesmo aqueles que alimentam uma vontade de empreender costumam orientar a sua vida em prol dos rendimentos mensais. Ou seja, o brasileiro passa a vida perseguindo salário. E eu quero desconstruir essa mentalidade agora em você: seu trabalho não vale o seu salário, nem o seu salário vale o seu trabalho.



Para isso, preciso te falar sobre o que é o trabalho, você sabe?


O trabalho nada mais é que a venda do seu tempo. Ou seja, você entrega o seu tempo como mercadoria para alguém que paga por ele. O que você faz nesse tempo é o que você produz de valor, mas a pessoa que o contrata está contratando o seu tempo, não aquilo que está sendo produzido.


Como assim, que absurdo, claro que não, ela contrata o que eu produzo!!! Você deve estar pensando furiosamente.

Veja, claro que a pessoa contrata o valor que você produz, seja um produto ou um serviço, mas em última instância, você sempre estará vendendo o seu tempo e entender isso é fundamental para alcançar uma vida mais próspera.


Um exemplo simples: o seu vizinho precisa capinar o terreno dele, mas já é velho e pede a você que faça o serviço, te oferecendo R$ 100,00. Você, com tempo livre, vai lá fazer o serviço. No mês seguinte você estava ocupado e ele chamou seu outro vizinho pelo mesmo valor. No primeiro mês, você fez o trabalho em 8 horas, logo você ganhou R$ 12,50 por hora. No mês seguinte, seu vizinho fez o trabalho em apenas 4 horas, ou seja, ganhou R$ 25 por hora. Suponha que a qualidade foi a mesma. A eficiência do seu vizinho fez com que ele realizasse o mesmo trabalho pela metade do tempo, logo a hora dele vale mais do que a sua. Para piorar, a chance de, no terceiro mês, ele ser chamado de novo é bem maior porque ele é mais rápido e com a mesma qualidade, ou seja, agrega mais valor.


Ou seja: a qualidade da sua entrega diz respeito ao preço do seu tempo.


Um outro exemplo: Você é um consultor de branding empresarial e entra numa concorrência para atender a uma grande empresa. Seu maior concorrente também está no jogo. O trabalho tem um escopo definido, com todas as etapas, a duração do projeto e as entregas já determinadas. Seu orçamento é de R$ 100 mil. O orçamento do seu concorrente é de R$ 280 mil. Aí você pensa: bom, o menor preço leva, logo eu vou levar essa.


Só que você não está falando com o governo, está tratando com o mercado privado e a empresa do seu concorrente é super-renomada neste segmento, sendo responsável por inúmeros casos de sucesso no País inteiro, enquanto você atende apenas no âmbito regional. Seu concorrente foi o escolhido. Suponha que o projeto vá consumir 500 horas. Você cobrou R$ 200 a hora. Seu concorrente cobrou R$ 560. Mas foi ele quem levou e não você.


Essa é a sua deixa para me dizer: Tá vendo como as pessoas contratam o que eu produzo e não o meu tempo? E eu te respondo: o exemplo só mostra que o seu concorrente sabe ganhar mais pelo tempo dele. Isso porque ele conseguiu mostrar que consegue entregar mais valor que você pelo mesmo tempo.


 

O trabalho é a venda do seu tempo e a qualidade do que você faz nesse tempo determina o preço do seu tempo. Agora eu te pergunto de novo: você sabe quanto vale o seu trabalho?


Fazer a conta de quanto é o seu salário por hora é importante, mas é só o início. Se você passa a orientar o seu dia a dia pelo valor do seu tempo e não mais pelo salário, você começa a pensar diferente, começa a notar algumas injustiças no mundo e passa a planejar formas de sair do ciclo do salário para, enfim, prosperar.


Um exemplo de injustiça: se o trabalho é a venda do seu tempo, porque o empregador e o estado são quem determinam a quantidade de tempo que você vai poder vender? Já parou para pensar que direitos como jornada mínima e máxima de trabalho podem, na verdade, não ser direitos, mas armadilhas na sua vida?


Não obstante a reforma trabalhista no Brasil ter flexibilizado essa questão, ainda assim predomina entre as empresas os contratos de trabalho com jornada mínima de 8h por dia (com máximo de 10h por dia estabelecido em legislação). Nesse tipo de contrato, você se obriga a vender 8h diárias se quiser ter um emprego, estar dentro do sistema trabalhista formal e ter acesso aos direitos que ele oferece.


Por mais produtivo que você seja, você não consegue vender menos tempo. E isso rouba  tempo que você poderia estar vendendo a outra pessoa para aumentar seus ganhos. É como se o seu vizinho produtivo fosse obrigado a cumprir as 8h mesmo que tenha terminado o serviço em 4h.


Ele está sendo forçado a cobrar um preço menor pela sua hora e ainda é obrigado a passar horas ociosas no seu dia. Esse é um sistema que desestimula a produtividade. Faz sentido?


E se, por outro lado, você quiser vender mais tempo para ganhar mais, o estado entra em cena e não deixa. Certa vez, ainda jovem, eu consegui um emprego num supermercado para repor frutas e legumes nas prateleiras. Eu tinha uma jornada de 6h, chegava lá muito cedo e fazia todo o trabalho em 3h. As 3 horas restantes eram um tédio, eu não tinha nada para fazer e tinha que ficar lá parado, em pé. Não podia sequer ler um livro. Resultado? Pedi demissão em 2 semanas. O salário era bom para os padrões da época, mas eu estava sendo forçado a cobrar um valor menor pela minha hora, além de estar literalmente perdendo 3h da minha vida todos os dias.


Eu sei que o meu texto está ganhando uma conotação econômica liberal e tomando o tempo de quem não está aberto a discutir esse tipo de polêmica. Mas eu peço que releve qualquer fator político e ideológico, não se trata disso. Trata-se de observar os fatos. Eu preciso te falar sobre o que é o trabalho e faço isso baseado em fatos.


Talvez você já saiba que nos Estados Unidos a dinâmica de trabalho é outra. Lá as pessoas medem o salário não por mês, mas por hora. A cultura naquele país é muito forte nesse sentido, você não vê as pessoas falando em salários mensais, mas em ganhos por hora. Se você pesquisar um pouquinho verá que não estou mentindo. Isso é uma pista importante sobre o motivo de aquela nação ser tão próspera: as pessoas entendem que o trabalho é a venda do tempo e medem seus ganhos pelo valor do seu tempo.


Existem diversos aspectos históricos que podem ser analisados para explicar essa diferença entre Brasil e EUA, mas esse não é o cerne da questão. Aliás, se você quiser, posso aprofundar isso, deixe o seu comentário aqui que eu mando ver. Você pode pedir outros temas também.


Aonde eu quero chegar? Se você sente que ganha mal, que trabalha muito e não prospera, existem várias coisas que precisa fazer, mas a primeira delas é PARAR de calcular os seus ganhos por salário e passar a calcular quanto vale o seu tempo. Quanto vale a sua hora hoje? Como eu disse, é só o primeiro passo, mas é fundamental para começar a abrir os olhos a novos meios de aumentar seus ganhos por hora.


Existe uma historinha que eu adoro: havia uma empresa que investiu milhões em um equipamento supermoderno, tecnologia de ponta, que resolvia o trabalho de 40 pessoas juntas. Depois de um tempo o equipamento deu defeito, mas a garantia já havia acabado. Eles chamaram vários especialistas que não resolviam o problema, até que alguém falou de um cara que era o expert no mundo sobre esse assunto. Chamaram esse técnico, que que visitou o local, analisou o equipamento inteiro, apertou dois parafusos e tudo voltou a funcionar. O assunto era tão sério que o diretor da empresa acompanhou a visita e, ao ver que era só isso ficou muito aliviado. Perguntou quanto sairia o conserto e, pasmem, o técnico cobrou R$ 10 mil. O diretor ficou irritadíssimo, não concordou de jeito nenhum com aquilo e não queria pagar. Depois de muita discussão ele concordou em pagar, desde que o técnico apresentasse um recibo descrevendo os serviços realizados e comprovando a necessidade de um valor tão alto. O técnico sabiamente apresentou o seguinte recibo: Visita e deslocamento: R$ 50,00 Aperto de dois parafusos: R$ 1,00 Saber quais parafusos apertar e em qual altura apertar para deixar a máquina corretamente calibrada: R$ 9.949,00.


O diretor pagou a fatura. E pagou porque percebeu que aquele técnico era o único capaz de resolver o problema dele e impedir que a empresa continuasse sem operar. Aquele técnico provê muito valor em pouco tempo. Quanto vale a hora dele?


Outro aspecto muito importante, talvez o mais importante de todos: saber quanto vale a sua hora, além de te motivar a se especializar e correr atrás de aumentar esse valor, também impede que você caia em armadilhas que roubam o seu tempo e não trazem nenhum resultado. Você passa a medir melhor o que realmente importa na sua vida e deixa de dar alguns “murros em ponta de faca”. Quando tivemos a nossa primeira filha, eu e minha esposa conversamos muito sobre esse assunto. De posse da informação de quanto valia a hora dela, nós decidimos não aceitar qualquer oferta de emprego que aparecesse, pois sabíamos que era muito importante para nossa filha passar esse início da vida dela com a mãe. Só após um ano que a minha esposa se sentiu à vontade para voltar ao mercado de trabalho, mas levou mais um ano até que surgisse uma oferta que realmente pagasse o que a hora dela valia antes da gravidez. Com isso, ela pôde viver uma fase única da vida, que não vai mais voltar, sabendo que aquele tempo com nossa filha valia mais do que se ela o vendesse por qualquer valor. E foi assim com a segunda filha e com o terceiro!


Concluindo

Termino esse texto com a sensação de que eu poderia ter aprofundado mais, dado mais exemplos e conceitos, mas eu correria o risco de cansar você e perder a sua atenção. O meu objetivo aqui é tão somente plantar uma sementinha em sua cabeça: entenda o valor do seu trabalho.


Passe a buscar meios de vender o seu tempo por mais dinheiro e a dominar o seu tempo de forma a ser dono dele e poder vender quanto quiser e não quanto o estado ou o seu empregador determina. Hoje o meio para fazer isso é empreender, dá uma olhada no meu texto sobre isso.


Quando nós conquistamos esse patamar, controlamos muito melhor nosso tempo e nossos ganhos. Com isso passamos, inclusive, a ter a possibilidade de doar nosso tempo para o mundo, que é, em ultima instancia, o que faz o ser humano alcançar a plenitude da felicidade.


Lembre-se que o tempo é o recurso mais democrático da humanidade. Todos temos o mesmo tempo. É também o recurso mais escasso que você tem. Dinheiro que você perde pode voltar, bens e produtos que você perde podem voltar, mas seu tempo não volta mais. Portanto, aprenda a valorizar o seu tempo e cobre muito bem por cada hora que você vende para os outros.

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